Nos velhos tempos

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Todos os dias eu espero ouvir você bater em minha porta, ouvir suas palavras dizendo que me ama e que sou tudo o que você precisa, como você sempre fazia nos velhos tempos. Queria poder pegar na sua mão a noite e te puxar para mais perto de mim, me aninhar em seu peito sentindo a sua respiração em minha nuca. Queria ouvir o som da sua risada rouca, e você gritando com alguma coisa na TV. Queria que você estivesse aqui enquanto chove lá fora e desmorona tudo aqui dentro. Ou apenas saber que você está aqui, que você vai voltar.

Mas você disse adeus enquanto dizia que me amava. Você partiu enquanto suas roupas continuavam aqui e seu cheiro impregnado nas paredes do meu quarto. E eu via você indo embora enquanto eu morria um pouco mais por dentro, enquanto eu chorava até não ter mais lagrimas para mancharem o chão da cozinha.

Todo dia o seu fantasma vem me lembrar que você está do outro lado do mundo agora, falando uma língua nova, fazendo amigos novos, amando garotas novas. E eu continuo aqui, continuo procurando você em caras vazios sentados em mesas de bares ou em restaurantes baratos. Mas só existe um de você no mundo, o que me deixou numa sala chorando lotada de pessoas sorrindo e falando alto.

E é tão difícil seguir em frente. Você despertou em mim sentimentos que eu nem sabia que existiam, você conseguia me fazer ver o melhor da vida enquanto meus olhos só viam borrões em preto e branco. Você foi o único que despertou sensações com um único toque, sensações que foram embora na sua mala, junto contigo num avião há 11.000 metros do chão. E a pior parte é essa, esses sentimentos sãos seus, nunca foram meus, você é o único que consegue me fazer senti-los. Mas isso está no passado. Eu estou no passado. No seu passado.